Retrospectiva 2011 (Internacional)

Post por: Sujeira

Continuando a controversa lista referente ao ano de 2011, agora o Sujeira vai falar de tudo que fez barulho fora do Brasil. Como dito na lista anterior, nós do Sujeira somos hardcoreanos assumidos, portanto a lista não sai muito desse circuito, apesar disso tentamos mesclar ao máximo subgêneros e vertentes do mesmo, tentamos na verdade até fugir um pouco, mas não obtivemos sucesso. Quase tudo que achamos importante em 2011 está aqui, mas como em toda lista sempre vai faltar muita coisa. Continuamos aceitando sugestões e gostariamos de dizer que essa lista está aberta, podendo ser alterada (apenas com acréscimos) a qualquer momento. Por favor, não forcem a barra.

Trash Talk, banda de Sacramento California, já tem um bom tempo de estrada, ano passado eles lançaram o EP Awake que fez um tremendo barulho lá fora. O som é  pesado, rápido e  com gravação acima da média. Os caras tiveram uma grande repercussão devido aos vídeos que lançaram do disco, produções de alto nível, algo fora de cogitação pra quem mora no 3º mundo. Isso alavancou o nome da banda, levando os caras a tocar em eventos de skate, o que foi muito positivo, pois o Hardcore mais sujo tinha sido esquecido dentro desse circuito. Além de terem tocado por diversos lugares, no ano passado fizeram participação especial no show do grupo de Rap Odd Future, o que bombou mais ainda o nome dos caras, fazendo com que hipsters e gente de todo o canto pelo menos saibam da sua existência. Sem mudar um pingo no som o Trash Talk continua raivoso, rápido e pesado. A postura da banda sempre foi mais despojada e nunca se prenderam a rótulos e posturas ideológicas, como é difícil desse tipo de banda tocar aqui, vale a pena garimpar o youtube e ver a brutalidade que é show dos caras.

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Neo Cons, uma banda pouco comentada em território brasileiro, na verdade nada comentada. Apresentada pelo nosso amigo Pedro Carvalho, grande conhecedor das obscuridades hardcoreanas que rolam ao redor do mundo. Os caras lançaram um EP devastador, intitulado de “Hardcore Elite” o disco é uma brutalidade sem tamanho.  Pegam tudo de bom que existiu no punk dos anos 80 e com o Hardcore americano, desde Poison Idea ao Negative Approach. A formação conta com membros do “86 Mentality” (que já é um bom sinal). O disco não é muito rápido e nem muito lento, está na medida certa pra esgarçar o colarinho e se acabar no pogo. Vale destacar a música “Kill The Police” que caí muito bem para os acontecimentos recentes em nosso país.

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Vale citar os caras do Warsong. Acho que pouca gente já ouviu falar deles por aqui. Diretamente da Espanha, os caras Lançaram o LP chamado “Ancient Times” que é uma mistura de punk rock inglês antigo com uma pitada de rock garage de prima. O disco é muito bem comentado em blogs especializados no estilo. Eu conheci a banda por acaso, procurando bandas de fora do circuito norte americano. A banda me lembra nomes como  The Hellacopters, mas com um pulso mais punk rock. Apesar dos solos de guitarra, eles não deixam a virtuosidade sobressair em meio aos riffs sujos, porém com uma gravação limpa, pode soar meio contraditório, mas ao escutar entende-se perfeitamente. No mais eu acho que é uma banda que pode agradar tanto rockeiros amantes de heineken, punk rocker’s e hardcoreanos sem preconceitos que curtem um Turbonegro. Em 2011 os caras apavoraram com esse LP, que poderia ser facilmente abraçado por alguma gravadora grande, mas pelo que leio, os caras gostam de deixar claro que tocam Punk/Hardcore.

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Vale ressaltar novamente os americanos do No Tolerance.  Uma das bandas que mais surpreendeu entusiastas youth crew ao redor do mundo nos últimos tempos. Um som coeso, nada inovador, porém carregado de raiva e pulso firme. O EP novo que saiu pelo selo Young Blood “No Remorse, No Tolerance” faz o sangue pulsar mais rápido, vontade absurda de sair correndo sem rumo, tornando quase impossível escutar os sons e se manter parado. A banda conta com um vocalista acima da média para o estilo, totalmente influenciado pela velha escola do Hardcore americano, colocando em um pedestal nomes como SSD, SLAPSHOT e Negative Approach. Na contra mão da maior parte das bandas straight edge’s de hoje, não vai encontrar partes mosh, oitavado e pinta de malvado, apenas raiva misturada com Hardcore.

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OFF! Apavorou em 2011. Claro que as coisas foram mais fáceis pros caras, mas não tiro o mérito da banda, que é absurdamente boa. É óbvio que com Keith Morris no vocal é difícil sair algo ruim. Lançando o EP “Live At Generation Records” que é uma burtalidade, pela VICE, o OFF! dá uma aula de como se tocar Hardcore Punk. Os caras vêm sendo bem aclamado por gente de todos os cantos, isso pode-se valer da colaboração da revista Vice. A banda se tornou “hype” em pouco tempo, fazendo muito noiaba virar punk. O apoio da revista ajudou a levar o nome dos caras às pessoas que jamais frequentariam um porão que toque punk rock. Pra quem não conhece a banda eu posso dizer que é o mais fino Hardcore americano, “influenciado por sí próprio”, já que o vocalista é um dos precursores do estilo. OFF! Atingiu o ápice de sua popularidade em 2011 por se tratar de uma banda de Punk Rock não muito convencional, fazendo com que Punks, hipsters e fãs de Red Hot Chili Peppers saiam por ai com seu logo estampado em bonés e camisetas. Pra finalizar eu posso dizer: é uma banda acima da média independente dos seus antecedentes e feitos dos seus integrantes.

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RVIVR, esse quarteto norte americano que tem com um de seus vocalistas o ex Latterman Matt Canino, se enquadra perfeitamente ao termo Pop Punk. Fora as músicas sem distorção e cheias de melodia no melhor estilo Hardcore Melódico feito por adultos. A banda vem se mantendo ativa ano após ano, sempre em turnês, inclusive tocaram no Occupy LA em novembro de 2011, além de lançar material novo constantemente e manter um blog com informações atualizadas sobre as atividades da banda. Agora em 2012 o RVIVR já tem 8 shows marcados no Brasil durante o mês de Abril, uma ótima oportunidade para os apreciadores do Hardcore Melódico cansados de bandas Teenagers e genéricas do gênero curtirem um bom show.

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Wormrot, o trio mais barulhento de Singapura, teve grande projeção no underground metaleiro mundial no ano passado. Lançados pela mítica Earache Records, tocando o mais imundo e devastador Grindcore altamente influenciado por bandas como Phobia e Pig Destroyer, o nome Wormrot certamente já é referência quando se trata de Grindcore atual. No ano que passou a banda tocou em várias partes do mundo, dentre elas Estados Unidos e Malásia. Inclusive foram presos em Kuala Lumpur, capital federal da Malásia, onde foram levados pela Agama Islam Jabatan Selangor (Departamento da Religião Islâmica Selangor) sob a acusação de ousadia por se misturarem com mulheres solteiras. Depois da algumas perguntas, sermões e quase pagar uma fiança de um valor equivalente a 950 e ciquenta dólares por pessoa, a banda foi liberada levando apenas uma advertência.

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ACXDC voltou chocando tudo em 2011. A banda teve um hiato de quatro anos, após sua última reunião, tinham encerrado as atividades na verdade em 2005. Pelo que eu percebi essa volta não foi algo definitivo, a banda voltou em condolência ao guitarrista, que está com a filha enferma e precisa de ajuda para o tratamento da mesma. Os caras acabaram lançando um EP “The Second Coming” absurdamente monstruoso. Sem fugir da temática de destruição ao cristianismo e alguns chavões do powerviolence, o disco é uma britadeira para ouvidos sensíveis. Deram uma metalizada, porém nada que mudasse a cara do som, o timbre e os riffs de guitarra um pouco mais pesados dando ênfase em palhetadas. Há tempos bandas do estilo não chamavam atenção dessa forma. Posso dizer que os caras lançaram uma obra prima da anti-música, precisão, brutalidade e uma postura Hardcore nos shows na medida certa.

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Trap Them, banda norte americana que combina Hardcore com Metal de forma ímpar de destruidora. Em 2011 lançou o disco Darker Handcraft, que na minha concepção foi um dos melhores discos de Hardcore/Metal do ano, para que fosse possível a construção de tal obra prima do Hardcore obscuro e negativo, além de todo talento do guitarrista Brian Izzi (December Wolves). O Darkert Handcraft contou com a produção de Kurt Ballou (Converge) e arte de Justin Bartlett (conhecido com Vberkvlt). Após muitos shows nos EUA, inclusive com grandes nomes tanto do Metal quanto do Hardcore, dentre eles Pentagram, Inquisition e Converge, também espalharam o caos pela Europa. Uma banda que se manteve ativa durante todo o ano de 2011 e ainda conseguiu a proeza de lançar um disco impecável no mesmo ano não poderia deixar de estar em destaque, apesar de não receber a devida atenção em terras brasileiras.

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Backtrack, oriunda do estado de Nova York, lançou o disco “Darker Half” 2011. Lançamento que deu um up ao nome da cena de NY que a alguns anos vinha sido sustentada pela velha escola decadente do NYHC. Os caras adicionaram influência de toda a escola do hardcore americano, claro que mais focado nas bandas de NY, que vão de Judge, Madball, Breakdown até nomes não muito comentados como Side By Side. Com uma gravação pesada e alta os caras fizeram jus ao pulso firme e a fama de seus contemporâneos. Tudo bem, é genérico e sem muita inovação, mas furioso do começo ao fim. 2011 o disco rendeu bons frutos, turnês intermináveis pelos EUA e frutos que vão ser colhidos em 2012 como a turnê pelo Japão anunciada recentemente.

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Nota: Gostariamos de agradecer ao nosso brother e consultor Pedro Carvalho pelas dicas e apoio. Em breve postaremos a lista dos melhores de 2011 segundo ele.

4 respostas em “Retrospectiva 2011 (Internacional)

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